Design Livre: O poder da cocriação para um design robusto

Design livre de Faber Ludens apresenta o movimento que defende o design como uma atividade que pode e deve ser feita por todos.

Desafiando a crença de que a atividade é reservada a poucos especialistas, com estudos formais da academia, o Design Livre reforça que todos somos capazes de nos munir do design e de seu pensamento para construir soluções inovadoras, remixando conteúdos, informações e experiências pessoais.

Open Design - Design Livre Corais

Citações selecionadas de Design livre

Mesmo que você não seja arquiteto, designer ou programador, é provável que tenha feito isso em algum momento de sua vida, porém, assim como a maioria das pessoas, acabou perdendo essa liberdade de experimentar” (DL [Design Livre], 2012, p. 11).

A curiosidade acaba sendo tolhida, deixando em seu lugar bloqueios e medos” (DL, 2012, p. 11).

“[…] design está sendo entendido como uma das áreas capazes de lidar com a complexidade da vida moderna; a unidade na diversidade de fundamentos que alicerçam o design tornam-o plenamente inclusivo e, ao mesmo tempo, coerente” (DL, 2012, p. 22).

[No plano fechado] O começo é uma intenção que se concentra num objetivo. Os meios são escolhidos e desenvolvidos para atingir o objetivo. Não se questiona o meio, desde que leve ao fim” (DL, 2012, p. 23).

[O plano fechado] É como um projeto sigiloso de desenvolvimento de novos produtos que, não dando certo, termina engavetado” (DL, 2012, p. 23).

O plano aberto começa com uma pergunta. Pode não se saber exatamente onde se quer chegar com o plano” (DL, 2012, p. 23-24).

“[…] a pergunta inicial deve ser respondida, mesmo que sejam muitas as respostas. O importante para o plano aberto é que o resultado do plano sirva aos vários fins” (DL, 2012, p. 24).

O plano livre começa pelo fim, ou melhor, pelos fins. Pelos fins atingidos por outros projetos, pela reação às limitações impostas por eles, por suas falhas e frustrações” (DL, 2012, p. 24-25).

Ao invés de fins, o resultado de um plano livre são vários começos, vários outros planos que surgem a partir deste. Planos que, por sua vez, podem ser fechados, abertos ou livres” (DL, 2012, p. 25).

O termo “open design” apareceu pela primeira vez em 1999, entendido como o design cujos criadores permitem sua livre distribuição e documentação, além de modificações e derivações – uma definição semelhante do modelo do software livre” (DL, 2012, p. 27).

Seus autores, da ONG Open Design Foundation, vislumbraram um caminho para promover um método alternativo para o design e o desenvolvimento de tecnologia, a partir da livre troca de informações sobre design” (DL, 2012, p. 27).

Todo processo de design é “colaborativo”. Não existe produção “individual”, desligada da sociedade. O Design Livre é aberto, como todo design é em algum nível. Não há maneira de ocultar o design em sua totalidade, de outra maneira, ele não seria consumido, acessado, tocado, usado” (DL, 2012, p. 29).

“[…] o principal argumento de definição do Design Livre está na palavra processo, na preocupação com o projeto durante o projeto, e não apenas um pressuposto do produto” (DL, 2012, p. 30).

[Sobre software livre] Ser “grátis” não é seu principal objetivo, mas sim garantir 4 outras liberdades fundamentais:
– A liberdade de executar o programa, para qualquer propósito
– A liberdade de estudar como o programa funciona e adaptá-lo para as suas necessidades
– A liberdade de redistribuir cópias de modo que você possa ajudar ao seu próximo
– A liberdade de aperfeiçoar o programa, e liberar os seus aperfeiçoamentos, de modo que toda a comunidade se beneficie deles” (DL, 2012, p. 55-56).

[Sobre os usuários] Incluir estes no processo de desenvolvimento é fundamental [pois eles são], enfim, a razão de se desenvolver, de se projetar” (DL, 2012, p. 59).

Abrir o processo significa que existe a possibilidade de participação em vários níveis. Uma pessoa pode colaborar com códigos de programação, porém, outra que não tem conhecimento para tal, pode participar da elaboração dos fluxos de interação, do layout das interfaces, da definição de novas funcionalidades. Usando aplicativos web e arquivos abertos, é possível habilitar a colaboração em aspectos que vão além do código de programação” (DL, 2012, p. 64).

Uma frase de David Freeman, escritor de roteiros para games, ilustra bem essa possibilidade: “Encontre o clichê e então jogue-o fora.” É preciso saber o que é normal para ser inovador. Não é uma questão de pensar fora da caixa; inovação é repensar a caixa” (DL, 2012, p. 74-76).

A mobilidade também é um ponto importante para a Pedagogia do Design Livre, pois o aluno precisa ter a liberdade de o conteúdo se adaptar a sua disponibilidade de tempo, e não o contrário. Para tanto os materiais multimídias são editados em formatos digitais que podem ser utilizados nos dispositivos móveis atuais, dando ao aluno a liberdade de aprender onde estiver, e aproveitar as pequenas pausas do dia-a-dia para esta finalidade” (DL, 2012, p. 85).

O modelo de educação à distância em si já é um desafio, o de superar as barreiras geográficas e conseguir criar laços de cooperação entre alunos e professores” (DL, 2012, p. 86).

“[Sobre o Corais] A cada atualização no projeto os membros do grupo recebem uma notificação por e-mail, mantendo uma dinâmica colaborativa em que todos estão a par do que está acontecendo” (DESIGN LIVRE, 2012, p. 90).

O Corais captura as comunicações dentro do projeto e a torna disponível a todos, gerando uma documentação de projeto” (DESIGN LIVRE, 2012, p. 92).

Esta validação é importante para se mostrar o caminho percorrido para chegar àquele resultado considerado final, quantas ideias foram deixadas de lado, quantas se juntaram e se tornaram uma” (DESIGN LIVRE, 2012, p. 92-93).

O Corais possibilita o aprendizado continuado mesmo que o projeto que estava sendo desenvolvido tenha acabado. Através da Árvore do Conhecimento, que representa descrição de metodologias design de forma colaborativa como em um wiki, todos podem dar sua contribuição expandindo o conhecimento para a comunidade” (DESIGN LIVRE, 2012, p. 93).

Ao utilizar um dos métodos da Árvore em um projeto, é criado um link que adiciona o método como referência no projeto. Assim se cria uma base de exemplos de forma orgânica para cada um dos métodos disponíveis” (DESIGN LIVRE, 2012, p. 93).

O grande diferencial deste portfólio gerado pelo Corais para os portfólios comuns, é que não se exibe só o resultado final mas sim todo o processo criativo que levou àquele resultado. Assim, dando maior respaldo a pesquisa e concepções realizadas no decorrer do trabalho, já que tudo está documentado automaticamente. E como forma de estímulo a produção o participante ainda ganha pontos na comunidade” (DESIGN LIVRE, 2012, p. 94).

Os UX Cards são classificados em 3 tipos: Método, Deliverable (entregáveis) e Recurso” (DESIGN LIVRE, 2012, p. 95).

[Sobre UX Cards] Os métodos auxiliam no planejamento proporcionando uma maior segurança nas decisões, pois o uso destes gera argumentos mensuráveis (quantitativos e/ou qualitativos)” (DESIGN LIVRE, 2012, p. 95).

[Sobre UX Cards] A relevância dos entregáveis está em prever qual documentação deverá ser gerada durante o processo, facilitando que o projeto se mantenha dentro do prazo pré-determinado” (DESIGN LIVRE, 2012, p. 97).

[as cartas] tipo Recurso são modificadores que estão agregados ao processo em execução como, por exemplo, tempo e pessoas” (DESIGN LIVRE, 2012, p. 97).

Fazer design é fazer escolhas que interferem na vida das pessoas, de maneira impactante. E mais, os cidadãos devem ter direito a poder influenciar e decidir sobre o que interfere em suas vidas” (DESIGN LIVRE, 2012, p. 103).

Vivemos presos ao paradigma de que a inovação é feita por gênios isolados. Einstein, Newton, Jobs… ainda estamos aprendendo a reconhecer com naturalidade a inovação realizada pela multidão” (DESIGN LIVRE, 2012, p. 104).

No Design Livre, o conhecimento vem de diversas fontes: especialistas, leigos, curiosos, entusiastas. Das próprias pessoas que vão utilizar o resultado do processo de design até pessoas distantes, que vivem sob outras condições e culturas” (DESIGN LIVRE, 2012, p. 104).

[Sobre Design Livre] seu foco não estar apenas em um “produto final”, e o conhecimento gerado também é parte do produto, permitindo que o design que sirva a mais pessoas e durante mais tempo” (DESIGN LIVRE, 2012, p. 104).

Se distanciando de um foco de “compartilhamento de arquivos abertos”, ou de dominar a utilização de um software ou outro, o Design Livre busca ultrapassar o domínio técnico da ferramenta, e contextualizar o conhecimento. Saber quando utilizar uma ferramenta é tão importante quanto como utiliza-la” (DESIGN LIVRE, 2012, p. 108).

queremos recuperar a multiplicidade do design perdida na instrumentalização e especialização de áreas. Queremos trazer de volta a esperança de que design é algo grandioso, capaz de transformar o mundo em um lugar melhor” (DESIGN LIVRE, 2012, p. 112).

Nós. Conectados. Um projeto onde os especialistas são apenas nós de uma rede, porém, nós que concentram uma quantidade de conexões que permitem uma acessibilidade a outros nós maiores e uma consequente consciência mais ampla de possibilidades” (DESIGN LIVRE, 2012, p. 116).

Não são apenas as redes de computadores que se expandem, mas, principalmente, as redes sociais, as redes que permitem que as pessoas façam algo no mundo” (DESIGN LIVRE, 2012, p. 119).

A liberdade que estamos discutindo no Design Livre é a liberdade de projeto. A liberdade que qualquer ser humano tem de conspirar pela sua liberdade, de redefinir sua realidade através do artifício. De se reconhecer como agente, e não só observador, da cultura material” (DESIGN LIVRE, 2012, p. 121).

Inspirados nas liberdades fundamentais do Software Livre, propomos as seguintes liberdades para o Design Livre:
– A liberdade de aprender a usar. Independente de um uso proposto ou esperado no projeto aberto que for consultado.
– A liberdade de estudar e reproduzir o processo que gerou o produto. Consultar a documentação das decisões de design, os arquivos-fonte.
– A liberdade de colaborar com o processo, inclusive modificando o mesmo. Alterar qualquer parte de um processo,
– A liberdade de aprender a fazer. E produzir e reproduzir” (DESIGN LIVRE, 2012, p. 122-123).

Referências

DESIGN Livre. São Paulo, Clube dos Autores, 2012. Disponível em: <http://designlivre.faberludens.com.br/>. Acesso em 25 de out. de 2012.

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