Mapeando diálogos: Ferramentas para comunicação assertiva

Mapeando diálogos traz uma série de metodologias que fortalece uma das mais antigas ferramentas para solução de problemas complexos da humanidade: o diálogo.

Citação de Jostein Gaarder em Mapeando Diálogos

Com uma linguagem fácil, a obra apresenta 10 metodologias principais que auxiliam e maximizam nossa ancestral capacidade de nos comunicarmos e nos conectarmos uns com outros.

Além do descritivo técnico de como usar a metodologia, os autores ainda citam exemplos práticos de como cada uma delas já foi usada em diversos contextos para resolver conflitos e construir pontes entre as pessoas.

Também é possível conhecer sumariamente mais 13 metodologias adicionais para ajudar na facilitação e mediação de conflitos ou resolução de desafios.

Sumário das metodologias do Mapeando diálogos

1. Investigação apreciativa

Metodologia para resolução de problemas que inverte a lógica trabalhada, ao invés de focar na resolução do problema se identifica os pontos fortes do grupo e se buscam maneiras de intensifica-los para alcançar a resolução. No processo o time passa por 4 etapas depois de encontrado o ponto positivo: Descoberta do o gerou/gera; Sonho de como poderia ser ainda melhor; Desenho de como seria o ideal e Destino desse ponto para que ele se mantenha sustentável.

2. Laboratório de mudança

Metodologia para se encontrar novas soluções a partir das etapas de co-sentir, co-presenciar e co-criar. A metodologia é baseada na Teoria U e desenvolve a conexão entre os participantes e deles com o contexto do desafio a ser resolvido.

3. O Círculo

Metodologia para se resolver desafios envolvendo fala, escuta e reflexão conjunta para construção de um significado em grupo. As etapas do fluxo são: Boas-vindas (música, leitura de algo); Check-in (cada participante diz como está se sentindo); Acordos (definição das regras e limites importantes para o grupo); Intenção (declaração das intenções); Três práticas (cada participante fala, escuta e todos refletem juntos sobre o que foi dito); Check-out (cada participante fala como está se sentindo).

4. Democracia Profunda

Metodologia para se chegar a um consenso a partir do debate democrático e aberto a todas as vozes, importante método do mapeando diálogos. Nela é importante o facilitador seguir quatro passos: Não praticar a democracia majoritária (todos tem voz e devem fazer uso dela para se expressar, mesmo quando a maioria está caminhando para um lado); Busca e encorajamento do não (encorajamento das pessoas que descordam para expressarem sua opinião e ponto de vista); Disseminar o não (cada negativa ou novo ponto de vista deve ser revisto e dialogado por todos); Acessar a sabedoria do não (ao final quem ainda não estiver convencido pode dizer o que poderia fazer ele seguir a maioria, agregando valor a decisão da maioria e flexibilizando ela com o ponto de vista divergente).

5. Busca do Futuro

Metodologia para se enxergar e debater experiências passadas, presentes e possibilidades futuras. Ela começa com debates e análises do passado, segue então para as tendências e por fim se fala sobre cenas de um futuro ideal e que ações tomar para chegar lá.

6. Escola para a Paz Palestino-Israelense

Metodologia para criar identificação entre dois grupos opostos. Nela são formados grupos com a mesma quantidade de pessoas e são realizadas atividades com um único grupo e com os dois grupos juntos. Em um dos formatos possíveis as atividades entre os grupos começam com uma exploração inicial e declaração de intenção, seguindo para o fortalecimento de um dos grupos (e o outro se submete) para que se resolva um problema, depois dá-se o poder ao grupo que estava submisso e se segue até levantarem os impasses. Por fim um novo diálogo deve começar tentando unir os interesses dos dois grupos. Em outro formato, no primeiro momento as pessoas se apresentam, depois conhecem as culturas um do outro, fazem então um jogo de simulação relacionado ao conflito em foco e por fim debatem sobre os aprendizados e como criar laços.

7. Tecnologia do espaço aberto

Metodologia para que grupos possam se auto-organizar para lidar com questões complexas. Nela o grupo se reúne e o desafio com o tempo limite é apresentado deixando que os participantes escrevam a agenda com as atividades e os responsáveis. O único direcionamento é que todos devem seguir quatro princípios: 1. As pessoas aqui presentes são as pessoas certas; 2. A hora que começar é a hora certa de começar; 3. O que acontecer é a única coisa que poderia ter acontecido; e 4. Quando acabar, acabou. Além dos princípios uma lei é usada nessa metodologia:  a lei dos dois pés. Ela diz que as pessoas devem se responsabilizar pelo seu próprio aprendizado, por sua paz de espírito e por sua contribuição. Com isso cada grupo se autogerencia e cada pessoa se responsabiliza por sua atuação no espaço.

8. Planejamento de cenários

Metodologia para se planejar o futuro por meio de cenários possíveis e plausíveis. Nela o grupo deve entender: 1. Quais são as regras do jogo (jogo = contexto); 2. Quais são as principais incertezas e cenários; 3. Quais são as opções para essas incertezas e cenários e 4. Que decisões serão tomadas a partir da análise.

9. Diálogo sustentado

Metodologia para construir um diálogo duradouro sobre temas complexos. Nela o grupo passa por 5 estágios: 1. Decidir se engajar (abertura e intenção); 2. Mapear as relações e nomear os problemas (colocar para fora todas as dores); 3. Sondar os problemas e relações (desenhar conexões entre os pontos e descobrir o porquê por trás das dores); 4. Construir um cenário (desenhar possibilidades positivas de como resolver as dores); e 5. Agir conjuntamente (os participantes assumem a responsabilidade pelas soluções imaginadas).

10. O café mundo

Metodologia para realização de conversas distribuídas sobre assuntos diversos importante recurso de mapeando diálogos. Nela o time é dividido em grupos menores que ficam em mesas distintas. Cada grupo deve debater sobre uma pergunta presente na mesa, criando soluções para essa pergunta/desafio. Depois de 20 minutos as pessoas devem trocar de mesa, deixando apenas uma pessoa do grupo original para receber as novas pessoas e apresentar os desafios e soluções propostas. Os times continuam a debater sobre seus desafios acrescentando as novas visões e conhecimentos. Depois que todos passarem pelas mesas, o time volta a se reunir e debatem juntos sobre o que aprenderam.

Citações de Mapeando diálogos

“A resposta é sempre uma parte da estrada que está atrás de você. Apenas questões levam ao futuro” (GAARDER, Jostein apud BOJER et al., 2010, p. 14)

“O mundo moderno adora respostas. Nós gostamos de resolver rapidamente os problemas, gostamos de ter uma ideia precisa do que está a nossa frente. Gostamos de saber o que fazer. Não queremos “reinventar a roda” nem “desperdiçar nosso tempo”” (BOJER et al., 2010, p. 14)

“Em primeiro lugar, vivemos em um mundo cada vez mais complexo e interdependente, onde as repostas têm vida curta” (BOJER et al., 2010, p. 14)

“Em segundo lugar, as pessoas parecem ter um desejo inerente de resolver seu próprios problemas”(BOJER et al., 2010, p. 15)

“A clareza de propósito é uma doce arma contra a confusão” (MOELLER, Toke apud BOJER et al., 2010, p. 19)

“As perguntas nos levam ao futuro, ao passo que as repostas, apesar de importantes, remetem ao passado” (BOJER et al., 2010, p. 20)

“Qualidades básicas do facilitador de diálogo: Forte habilidade de escuta; Autoconsciência e autenticidade; Fazer boas perguntas; Uma abordagem holística” (BOJER et al., 2010, p. 26)

“Propósitos de um processo de diálogo: Gerar consciência; Resolução de problemas; Construir relacionamentos; Inovação; Visão compartilhada; Construir capacidades; Desenvolvimento pessoal/de liderança; Lidar com conflitos; Planejamento estratégico e de ação; Tomar decisões” (BOJER et al., 2010, p. 36)

“Contexto do diálogo: Situação – Baixa complexidade; Alta complexidade; Situação conflitual; Situação pacífica. Participantes – Pequeno grupo (até 30); Grande grupo; Microcosmos/multidisciplinar; Grupo de pares; Diferentes níveis de poder; Diversidade de cultura. Facilitação – Requisitos de treinamento específico” (BOJER et al., 2010, p. 36)

“A mesa de trabalho é um lugar perigoso a partir do qual ver o mundo” (CARRÉ apud BOJER et al., 2010, p. 149)

Referências

BOJER, Marianne Mille; ROEHL, Heiko; KNUTH, Marianne; MAGNER, Colleen. Mapeamento Diálogos: Ferramentas essenciais para mudança social. Rio de Janeiro: Instituto Noos, 2010.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Rolar para cima
Abrir bate-papo
Faberhaus
Olá 👋
Podemos ajudá-lo?